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Restrictive migration rules will have their first real test in 2026.

“O tema da imigração não vai sair da agenda pública, porque, a breve prazo, as restrições aos fluxos migratórios terão, em contrapartida, um impacto muito grande na economia”, avisou João Carvalho, investigador do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa.

Para o analista, o problema será mais evidente quando for necessário lançar grandes obras, como o novo aeroporto ou a nova ponte sobre o Tejo: “Vamos ver que não temos pessoas para fazer esses projetos a que estamos comprometidos”.

O secretário de Estado Adjunto da Presidência e Imigração, Rui Armindo Freitas, afirmou anteriormente à Lusa que 2026 será o ano das políticas de integração, mas, até agora, a prioridade tem sido regular a entrada.

A exigência de vistos passados nos consulados, o prolongamento dos prazos para o reagrupamento familiar e para a obtenção de nacionalidade ou o fim da manifestação de interesse, um mecanismo que permitia a regularização já em território português de quem entrava como turista, são alguns exemplos.

Em 2025 as autoridades resolveram os processos pendentes na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e reviram os números totais de estrangeiros em Portugal, na ordem dos 1,5 milhões de pessoas, incluem imigrantes económicos, expatriados e estrangeiros que optaram por gozar a reforma em Portugal.

De acordo com o Relatório de Migrações e Asilo 2024, no final de dezembro de 2024 estavam registados 1.543.697 cidadãos estrangeiros a residir em território nacional. Em comparação com o final de 2017, quando residiam em Portugal 421.802 cidadãos estrangeiros, o número quase quadruplicou.

Até agora, a bolsa de imigrantes tem suprido as necessidades, mas já há sinais de falta de recursos humanos, nomeadamente em setores como agricultura, turismo ou construção.

Entre as medidas lançadas este ano está a chamada “via verde” para a imigração, que prevê a contratação direta nos países emissores de mão-de-obra por empresas ou associações empresariais, com vistos atribuídos pelos consulados.

No balanço dessa medida, foi anunciada a “emissão de 1.200 vistos” nos primeiros meses, um “valor que não representa nada num país em que, todos os anos, 60 mil portugueses emigram e precisam de ser substituídos na economia portuguesa”, considerou João Carvalho.

Para o investigador, o sistema consular “não está desenhado” para dar resposta à procura de vistos e por isso é que, no passado, foi decidido avançar com as manifestações de interesse para permitir a regularização em Portugal.

“Os políticos podem dizer o que quiserem, mas há necessidades de mão-de-obra a que é preciso dar resposta” e “não sei se é daqui a um ano ou dois”, mas “Portugal vai ter problemas graves”, salientou o especialista em migrações e extrema-direita.

Portugal tem muitas dificuldades em contratar trabalhadores estrangeiros pelos seus países de origem e os baixos salários que são praticados dificultam a sua fixação no território nacional, avisou João Carvalho, considerando que, sem alterações das políticas, “a curto prazo, as necessidades de mão-de-obra vão ser cada vez maiores”.

O especialista diz que só há duas soluções: “Ou bolsas de imigrantes irregulares em larga escala ou então (…) um mecanismo para adequar a oferta de mão-de-obra às necessidades que existem no país”, como está a fazer a Itália, ao alargar o acesso dos descendentes à cidadania e território nacional, apesar de ter forças de extrema-direita no poder.

“Vamos ver o que o futuro nos reserva, mas será a economia a ditar as regras, não os discursos dos políticos”, acrescentou.

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