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This film is a parable about the identity of our country and the spectacle.


Depois de ter lançado ‘O Pátio das Cantigas’ em 2015, Leonel Vieira regressa agora com ‘O Pátio da Saudade’. Uma longa-metragem que chega aos cinemas no dia 14 de agosto. 

Como nos conta a sinopse enviada num comunicado de imprensa, o filme – protagonizado por Sara Matos – é “uma homenagem à nossa cultura”.

“Vanessa (personagem de Sara Matos), é uma atriz de televisão que recebe a inesperada notícia da morte de uma tia afastada do Porto, que lhe deixou em testamento um antigo teatro em ruínas, símbolo dos tempos dourados da Revista à Portuguesa.

Apesar das insistências do seu agente, Tozé Leal (papel de José Pedro Vasconcelos), para vender o edifício, Vanessa sente-se profundamente ligada à memória do teatro e decide reunir os amigos Joana (Ana Guiomar) e Ribeiro (Manuel Marques) para montar um espetáculo capaz de ressuscitar a antiga glória do teatro. No entanto, a sua ambição enfrenta a resistência de Armando (José Raposo), proprietário de um teatro rival que fará de tudo para travar este sonho”, descrevem. 

Este filme é mais uma parábola sobre a identidade do nosso país e sobre o nosso mundo do espetáculo. É uma história sobre os artistas e sobre os artistas em Portugal

Em conversa com o Notícias ao Minuto, o realizador Leonel Vieira começa por introduzir que “o cinema tem o objetivo do entretenimento” e “também tem a necessidade – não é a obrigação – de contar histórias”.

Além disso, destaca o “passado artístico e a forte indústria teatral em Portugal”. “É importante falarmos, porque há gerações que não sabem, há pessoas que têm saudade e ninguém fala isto. Nada é de se deitar fora. Uma cultura sólida, uma cultura saudável, é aquela que olha para o seu passado, identifica e o estima. E também contribui com a modernidade e com a inovação. Mas que não deita fora nada. Temos de fazer olhares novos sobre o que nos aconteceu, o que fizemos, o cinema que fizemos, as histórias que contamos.”

Referindo-se mais especificamente ao género musical, o realizador comenta: “Nós tínhamos uma tradição musical, só que eventualmente ela caiu fora de moda e as modas é que estragam isto tudo. O que às vezes se pode fazer é olhar de novo para isso e não pensar que aquilo tem uma doença. Se calhar é dos dois lados, é o público não rejeitar à partida e os intervenientes também pensarem, não ficarem tão quadrados sobre os formatos e modernizarem essa forma de contar.”

“O cinema sempre viveu disto, de se modernizar. E lá na essência está sempre a mesma coisa, mas a forma vai-se modernizando. O teatro também faz isso, está cada vez a correr melhor em Portugal. Acho que o teatro de revista também pode ser isto, o musical e esse género pode ter um olhar”, acrescenta. 

No entanto, Leonel Vieira enaltece: “Mas este filme é mais uma parábola sobre a identidade do nosso país e sobre o nosso mundo do espetáculo. É uma história sobre os artistas e sobre os artistas em Portugal.”

Ainda assim, diz que “achou por bem fazer uma homenagem ao teatro de revista e relembrar que eles existem, e que não deviam desaparecer”.

“Na realidade, isto apareceu-me na primeira história, não fui eu que tive esta ideia. Encontrei esta história e gostei dela, só queria dar-lhe uma volta para escrevê-la como eu acho que vejo esta história hoje. Reescrevi o guião todo e transformei a protagonista que era um homem numa mulher, e ao fazeres isso tens de alterar toda a estrutura da história”, explica. 

O nosso país não é o que mais aposta nas indústrias – nem cinematográficas, nem teatral

Durante a conversa com o Notícias ao Minuto, abordando o facto de a personagem de José Raposo começar inicialmente com uma certa postura de inveja e depois dar uma mão amiga à personagem de Sara Matos, e questionado sobre se vê os profissionais da arte de representar desta forma e sobre a união dentro desta classe artística, Leonel Vieira salienta:

“Não estou a fazer um retrato de ninguém. Não faço radiografia social, apenas conto uma história. Os atores gostam do que fazem, gostam do seu trabalho e quando são chamados a unir-se, eles unem-se e dão tudo pelo trabalho. Muitas vezes nem é culpa dos atores, é o sistema. O nosso país não é o que mais aposta nas indústrias – nem cinematográficas, nem teatral. Portanto, muitas vezes, as dificuldades não vêm deles, vêm da própria estrutura industrial do país, que é mais deficiente.”

No filme, a personagem de Sara Matos acaba por ser várias vezes reconhecida por ter feito um trabalho de modelo, tendo posado em biquíni. Questionado sobre esta parte que introduziu no filme, que pode ser interpretada como ‘objetificação’ da mulher, o realizador explica a razão de ter incluído tal ponto na narrativa. 

“Acho que fazem muito isso com os atores. Estou dentro, conheço-os. O público faz demasiado isso. Em geral, as pessoas julgam demasiado depressa os outros“, começa por dizer.

“E nem sabem se elas são melhores ou piores atrizes, se elas têm espaço para progredir. Ouço comentários e vejo… E é errado. É mais comum do que as pessoas julgam. Isto é muito o paradigma de uma atriz. Uma atriz em Portugal tem de viver muito da televisão porque é o sítio onde há mais trabalho, mais regular. Normalmente não é o que mais gostam de fazer, mas é onde sobrevivem, onde têm a estabilidade“, comenta.

“Depois são apaixonados pelo teatro, mas querem todos fazer grandes peças, querem fazer Shakespeare, porque é essa a alma de um ator, é legítimo. Querem fazer as peças que os preenchem. E depois todos sonham entrar num grande filme para viajar, para todos o reconhecerem. Isso é uma radiografia que sim, eu que estou dentro, sei que é muito comum. Não são todas, sei de atrizes que não são isto.”

“Não estou a falar do mundo inteiro, estou a falar de uma história, estou a contar uma história de mil que se podiam contar. Contei esta, podia só ser a história de uma atriz, mas é para as pessoas pensarem um bocadinho. No fundo tento fazer uma história à volta disto, o conflito da vida de um ator em Portugal”, sublinha. 

Esperamos todos que seja um êxito. Acredito que vá ser inferior ao ‘O Pátio das Cantigas’. É muito difícil atingir um número daqueles

Recordando o sucesso que foi ‘O Pátio das Cantigas’, em 2015, que se tornou na altura no “filme português mais visto de sempre nos cinemas com mais de 600.000 espectadores”, como adianta o comunicado de imprensa, Leonel Vieira “espera que este filme também seja um sucesso”. 

“Nenhum filme tem a obrigação de repetir a tradição, nenhum filho tem de ser tão bom como o pai. Não é isso. Este filme, esperamos todos que seja um êxito e trabalhamos para isso, mas com o número que ele tiver. Acredito que vá ser inferior ao ‘O Pátio das Cantigas’. É muito difícil atingir um número daqueles. Aquele caso é único na história do país”, partilha. 

Por fim, o realizador não deixou de dirigir ainda uma mensagem aos portugueses para que vão às salas de cinema e escolham ‘O Pátio da Saudade’ a partir do dia 14 de agosto. 

“Vão ver uma história portuguesa na qual vão ver humor, vão-se emocionar também, e vão sair com uma sensação boa na alma de ter visto um filme que, de vez em quando, nos sabe bem, não temos vergonha de ver uma coisa que é portuguesa e de vermos a nós próprios, aos portugueses, e de vermos os portugueses dentro de uma história.”

Produzido pela Volf Entertainment, rodado em Lisboa durante o verão do ano passado, com guião de Leonel Vieira, Alexandre Rodrigues, Manuel Prates e Aldo Lima, no elenco deste filme estão ainda nomes como Gilmário Vemba, José Martins, Alexandra Lencastre, José Pedro Gomes e Carlos Cunha. 

O filme, destaque-se também, recebeu o Prémio Canal Hollywood na última edição dos Encontros do Cinema Português, na categoria de Filme Nacional com Maior Potencial de Blockbuster. 

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