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Assault, corpses, and 270 thousand ducks: Investigation of mistreatment in Santarém

Cerca de 270 mil patos estão expostos ao perigo e a maus-tratos por parte de funcionários na Herdade Arneiro Grande, em Benavente, no distrito de Santarém. Uma investigação levada a cabo pela ARDE, uma organização não-governamental espanhola, revelou que muitos destes animais são agredidos, com a lei a ser violada.

A investigação foi avançada pela SIC Notícias, que falou, inclusive, com uma das pessoas que se infiltrou na quinta da Marinhave. Também o Notícias ao Minuto obteve, posteriormente, as imagens das câmaras ocultas que o grupo de infiltrados da ARDE conseguiu captar, nos últimos meses.

As imagens podem ser visualizadas abaixo, mas, avisamos para o conteúdo sensível das mesmas.

Agressões pelo pescoço, asfixia e asas esmagadas

Em comunicado enviado, a ARDE explica, tal como as imagens permitem ver, que os funcionários “pontapeiam os patos, agarram-nos pelo pescoço e atiram outros pelo ar”, havendo um trabalhador que atira as aves para um camião, no topo do qual está outro a apanhá-las, enfiando-as de seguida, e de forma brusca, em caixas, “esmagando-lhes as asas”.

Há também animais que são apanhados e agredidos contra uma parede, até “ficarem inconscientes”. Há ainda patos que ficam no chão e sofrem convulsões, o que, de acordo com Silvia Gimeno, uma veterinária com quem a ARDE falou, se trata de “práticas de maus-tratos intencionais por parte do pessoal e métodos de abate ilegais e desumano”.

Uma das pessoas com quem a SIC Notícias chegou à fala, sob condição de anonimato, e que se infiltrou para a instalação das câmaras e fazendo-se passar por um funcionário contou: “Estão cerca de 100/200 patos no mesmo caixote, vivos e mortos misturados, até morrerem em asfixia”.

Para além das agressões diretas, também o local, em Samora Correia, apresenta um “ambiente insalubre, com grande quantidade de excrementos acumulados no chão”. A maioria dos animais também tem as penas sujas. Note-se que, de acordo com a emissora, a empresa também lucra com as penas, usadas no setor têxtil. Já a carne destes animais é exportada para cerca de vinte países, que incluem os Estados Unidos.

As imagens mostram ainda como os animais têm problemas de locomoção, inclusive, ‘splay leg’ – que é uma condição que afeta os animais, que ficam com as pernas abertas, incapazes também de suportar o seu peso.

Há também registo de animais com feridas e sintomas de bicagem, resultante de um comportamento agressivo de uma ave que pica outra. Este é um problema que, por norma, é desencadeado pela nutrição desadequada ou stress, podendo mesmo levar ao canibalismo.

Ainda na nota enviada ao Notícias ao Minuto, a ONG escreve que “denunciou estes factos à polícia portuguesa por alegados crimes de maus-tratos e abandono de animais, tipificados nos artigos 387.º e 388.º do Código Penal português, bem como por alegadas infrações administrativas à Diretiva 98/58/CE, ao Regulamento 1099/2009 relativo ao manuseamento e abate de animais, o Regulamento 1/2005 relativo ao transporte de animais vivos e o Regulamento 1069/2009 relativo à gestão de cadáveres e à biossegurança.”

A ONG, que exige o encerramento “imediato” destas instalações, pede ainda que seja retirada a esta empresa a possibilidade de esta “receber ajudas de fundos europeus, uma vez que recebeu 1,8 milhões de euros entre 2016 e 2022 do orçamento europeu da Política Agrícola Comum (PAC)”.

“A exploração agrícola investigada vende a grandes supermercados em Portugal. Além disso, a exploração comercializa penas de pato para utilização no fabrico de casacos ou colchas para a indústria têxtil”, apontou.

O Notícias ao Minuto já entrou em contacto com a Guarda Nacional Republicana (GNR) por forma a obter mais informações, estando também a tentar encontrar em contato com o Ministério Público e com a empresa.

DGAV fala em situação de “máxima gravidade”

Já esta terça-feira, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) emitiu um comunicado no qual esclarece que “encara estas situações com a máxima gravidade e está a desenvolver todas as diligências necessárias para o cabal apuramento dos factos”.

“Esclarece-se que a exploração em causa não tem atualmente qualquer atividade, permanecendo sem animais desde 5 de setembro de 2025, por determinação da DGAV, na sequência da confirmação de um foco de gripe aviária. A introdução de novos animais na exploração apenas será autorizada após conclusão das averiguações em curso e desde que esteja comprovado o cumprimento integral das exigências legais em matéria de bem-estar animal e biossegurança”, lê-se na nota.

Os responsáveis da DGAV dão ainda conta de que têm “em marcha ações inspetivas complementares, tendo em vista a recolha de informação técnica que permita avaliar a veracidade e o alcance das situações denunciadas”.

Na mesma nota, é ainda apontando que caso se confirmem os incumprimentos legais ou práticas de maus-tratos, serão aplicadas as sanções previstas na lei, incluindo processos contraordenacionais”.

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