
“Da Iniciativa Liberal, eu sinceramente não espero mais nada. Eu creio que Mariana Leitão e a IL e os seus dirigentes vão continuar a arranjar todas as desculpas para, ao fim de dois anos, continuarem a não ter uma única palavra que condene o genocídio e a não ter uma palavra de solidariedade com o povo que está a ser massacrado. É isso que está em causa”, criticou Marisa Matias.
A dirigente do Bloco de Esquerda falava na Feira da Adroana, em Cascais, distrito de Lisboa, à margem de uma ação de campanha para as autárquicas de dia 12 e reagia às palavras de Mariana Leitão, líder dos liberais, que no sábado associou partidos como o BE e o Livre a “atos de vandalismo” no país, após uma manifestação pró-Palestina.
Parte dos manifestantes deslocou-se para o interior da estação da CP do Rossio e um deles foi eletrocutado ao tentar subir para a parte superior de um comboio.
Marisa Matias, – que tem representado na campanha a coordenadora nacional, Mariana Mortágua, que foi detida em Israel depois de integrar uma flotilha que pretendia levar ajuda humanitária a Gaza, – começou por salientar a importância dos protestos em Lisboa pró-Palestina e em solidariedade com os membros da flotilha que queria levar ajuda humanitária até Gaza.
“No fim dessa manifestação, e já depois de encerrados os discursos no Rossio, houve um grupo de manifestantes que decidiu continuar os protestos, do meu ponto de vista de forma imprudente”, realçou.
A antiga candidata à Presidência da República desejou que o jovem que acabou eletrocutado “recupere totalmente”.
“Dito isto, o que houve foi de facto esta manifestação”, sublinhou, reforçando as críticas aos liberais.
No sábado, a presidente da IL, Mariana Leitão, afirmou que o país está a “assistir a um escalar de atos de vandalismo e de desordem” como consequência de apelos feitos por uma “esquerda radical”, responsabilizando a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e Rui Tavares, porta-voz do Livre.
Mariana Leitão considerou que BE, Livre e até o Chega, “usam o ódio e o desespero” e “as mesmas táticas para dividir as pessoas”
A liberal desafiou o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, a esclarecer se se revê neste “tipo de discursos dos radicais de esquerda”, uma vez que está coligado com BE e Livre em vários municípios no âmbito das eleições autárquicas.
Mais de 3.000 pessoas juntaram-se no sábado numa manifestação contra a detenção por Israel dos participantes na Flotilha Humanitária Global Sumud, entre os quais se encontram quatro cidadãos portugueses, incluindo Mariana Mortágua.
A PSP, em comunicado, relatou que no termo da ação, com percurso entre o Martim Moniz e o Rossio – Praça D. Pedro IV, “de forma não expectável, parte dos manifestantes deslocou-se para o interior da estação da CP do Rossio, tendo um deles subido para a parte superior de uma composição, onde, aparentemente terá sido eletrocutado”.
Este manifestante “foi assistido pelos meios de emergência médica no local e transportado a unidade hospitalar [Hospital de S. José], considerado como ferido grave”, acrescentou a PSP.