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Cleaning and tears day in the villages of the Alvão mountains

“Era um inferno”, descreveu à agência Lusa Iracema Dinis, residente na Relva, aldeia que fica na encosta da serra do Alvão virada à cidade de Vila Real.

O fogo na serra do Alvão perdurou por quase uma semana, descendo no domingo à tarde, impulsionado pelo vento, e atingindo aldeias como Relva, Muas, Agarez, Ramadas, Outeiro, Borbela, e partes de Lordelo, afetando novamente o Parque Natural do Alvão (PNA), atualmente em fase de resolução.

“Os meus filhos e marido andaram sempre a molhar, a molhar e a nossa sorte foi não falhar a água”, contou Iracema Dinis. O fogo destruiu o armazém da mãe de Iracema na Relva, que também era uma loja de vacas, mas as residências foram poupadas.

“Foi tudo muito rápido, mas estava tanto vento e o barulho era impressionante. É dia de limpeza e de lágrimas porque hoje é que se vai ver esta tristeza”, referiu. Duas casas desabitadas em Relva foram danificadas, além de palheiros e anexos.

Manuela Souto, que está de férias na Relva vinda da Suíça, descreveu o domingo “como um filme de terror”. Ela relatou que o fogo se aproximou rapidamente das casas, questionando a eficácia dos muitos bombeiros e aeronaves presentes.

Manuela e o marido passaram o dia limpando o pátio e varanda cobertos de cinzas. Os residentes foram aconselhados a evacuar, com os idosos sendo retirados. “Parecia um furação, não parecia um fogo”, ela descreveu sobre o retorno ao lar horas depois.

A emoção era visível nos moradores durante as entrevistas. O incêndio começou em Sirarelhos no sábado, dia 02, entrou em fase de resolução na quarta-feira, encerrar-se-ia, mas reacendeu-se no sábado à noite.

Teresa Gaspar, já traumatizada pelos incêndios de 2017 e 2022, viu as chamas destruírem o quintal e agora trabalha para limpar os destroços.

Francisco Gonçalves, preocupado com a alimentação de seus animais, já levou suas duas vacas e vitelos ao pouco pasto restante. “Tínhamos pasto para o resto do ano e agora ficámos sem nada praticamente”, ele disse. Sua apicultura também foi afetada, com algumas colmeias queimadas.

No domingo à tarde, Lúcia Simões, em Muas por férias, presenciou o incêndio alterar o percurso da Volta a Portugal em Bicicleta e ficou presa quando as chamas se aproximaram. “Felizmente não houve pessoas feridas, só ardeu um palheiro”, ela relatou.

Teresa Silva, com duas vacas maronesas, vê-se obrigada a buscar soluções de alimentação, visto que tudo ao redor está queimado. “Agora havemos de ir com o tempo, se vier umas pinguinhas ainda fará muito pasto, se não vier nada temos que comprar feno onde o houver”, explicou.

Muas, com revitalizada vida turística, sentiu o impacto deste incêndio. Eduardo Carvalho, responsável por uma casa de turismo rural, expressou sua preocupação devido aos danos à natureza, que é a principal atração para os turistas.

Carvalho criticou o Instituto de Conservação da Natureza (ICNF) pelos entraves em projetos de gestão de terras. “Levamos praticamente com um não a tudo, com prazos demoradíssimos em respostas, é uma entidade que complica a vida aos que já moravam aqui e que conhecem o terreno”, apontou.

Segundo a ANEPC, o incêndio entrou em fase de resolução às 04:24 e pelas 11:30 estavam mobilizados 363 operacionais, apoiados por 116 viaturas e dois meios aéreos.

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