
A Câmara Municipal de Lisboa (CML) reúne esta segunda-feira, 8 de setembro, por causa do descarrilamento do Elevador da Glória, que provou 16 mortes e mais de 20 feridos.
A reunião convocada pelo presidente da autarquia, Carlos Moedas, discutirá exclusivamente este trágico incidente.
A reunião extraordinária começa às 9h30 da manhã e será fechada à comunicação social.
Deverão ser discutidas medidas de apoio às vítimas e familiares, bem como o apuramento das causas e responsabilidades do acidente.
Entretanto, Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da CML, revelou que com a reunião o executivo camarário pretende não só criar um “fundo de apoio municipal às vítimas”, como “homenagear” o guarda-freio, André Marques, propondo “a atribuição do nome de uma rua e um memorial coletivo”.
Além disso, a autarquia pretende criar um “portal da transparência”, com o objetivo de “disponibilizar toda a informação, todos os documentos que neste âmbito sejam solicitados”.
A autarquia pretende ainda fazer uma “avaliação para o futuro, constituindo uma equipa para a conceção do novo sistema tecnológico deste elevador”.
Carlos Moedas debaixo de fogo, mas recusa demitir-se
A reunião ocorre horas depois de Carlos Moedas ter dado a primeira entrevista após o trágico acidente do Elevador da Glória.
Na antena da SIC Notícias, o autarca não só admitiu que não se iria demitir – a menos que se conclua que houve “erro político” – como recusou comparar a tragédia do Elevador da Glória à queda da ponte de Entre-os-Rios, afirmando que nesse caso o antigo ministro socialista, Jorge Coelho, “tinha recebido informações sobre problemas de manutenção naquela ponte”. Algo que, garantiu, não aconteceu consigo em relação ao ascensor que ligava o Bairro Alto aos Restauradores.
A entrevista gerou várias reações, da Esquerda à Direita, com muitos a acusarem-no de fazer política (e se defender) através da “vitimização” e do “ataque pessoal”.
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, antes da entrevista, em comentário ao relatório preliminar sobre o acidente, considerou que Carlos Moedas tem “responsabilidade política” sobre o acidente no Elevador da Glória, porém, observou que não faz sentido falar em demissão a um mês de eleições.
Primeiro relatório sobre o acidente
No sábado, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) revelou – no primeiro relatório sobre o acidente do Elevador da Glória – que os investigadores concluíram que cabo do ascensor cedeu no ponto de fixação.
O documento explica que elevador da Glória fazia um percurso de 276 metros, em pouco mais de um minuto, a uma velocidade máxima de 11,5 quilómetros por hora.
Na quarta-feira, 3 de setembro, as duas cabines iniciaram a viagem às 18h03. Tinham ambas percorrido seis metros, quando falhou a ligação do cabo às composições.
A cabine que estava subir a calçada da Glória, recuou de forma brusca. A outra continuou a descer e ganhou velocidade, acabando por descarrilar na curva à direita e embater na esquina de um edifício.
Revela o relatório que, na altura do embate, a cabine que tinha saído do Bairro Alto seguia a cerca de 60 km/h, quase seis vezes mais do que o normal e que tudo aconteceu em menos de 50 segundos.
Ainda segundo o documento, o guarda-freio da Carris, que morreu no acidente, acionou os dois sistemas de travagem, mas nenhum funcionou.
Conclui também este primeiro relatório sobre o descarrilamento do Elevador da Glória que, numa inspeção visual como a que aconteceu naquele dia de manhã, não era possível ter detetado a falha do cabo que provocou 16 mortes e mais de 20 feridos.
Ferida repatriada para país de origem
Também este fim de semana soube-se que uma das mulheres feridas no descarrilamento, que se encontrava internada no Hospital de São José, desde a passada quarta-feira, foi transferida para uma unidade hospitalar do país de origem.
Da situação pouco se sabe, à Lusa, fonte da Unidade Local de Saúde (ULS) São José disse apenas que a situação clínica da doente em questão “já se encontra estabilizada”, pelo que pode ser repatriada para uma instituição hospitalar no seu país de origem.