
“Ver isto acontecer dia após dia no SNS [Serviço Nacional de Saúde] e não reformar estruturalmente o sistema é irresponsável e é ser cúmplice desta corrupção”, declarou durante a apresentação do seu compromisso eleitoral Cotrim 2026-2031, cuja apresentação decorreu hoje em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto).
O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal (IL) considera que o adiamento de reformas estruturais está a corroer a confiança dos portugueses na democracia e a abrir caminho à corrupção, e apontou situações que, no seu entender, revelam corrupção legal e moral, como alegados esquemas de inscrição de milhares de imigrantes ilegais em centros de saúde, o aproveitamento de incentivos do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) por médicos para faturar centenas de milhares de euros e a prescrição massiva de medicamentos a falsos doentes.
Casos tornados públicos nos últimos dias e que não foram detetados “durante anos”, apontou, o que considera “inaceitável”.
“Para dizer com todas as letras. Sem medo, sem tibieza, o sistema de saúde em Portugal está corrupto”, defendeu, assinalando que é para acabar com a incompetência que permite esta corrupção que se candidata.
O antigo líder da IL aproveitou ainda para dar um recado a “certos organizadores de cimeiras com nomes estrangeiros em estações de televisão ou certos editores de jornais outrora respeitáveis que continuam a excluir-me”, reafirmando a sua convicção de que “vai à segunda volta” das presidenciais.
O manifesto eleitoral hoje apresentado foi descrito pelo candidato como um conjunto de compromissos que assume “solenemente” e que irão nortear a sua atuação durante cinco anos em Belém, representando todos os portugueses sem olhar à idade, condições económicas, convicções políticas, género, orientação sexual, crenças religiosas ou vínculos socioculturais.
Cotrim comprometeu-se a exercer “com diligência e persistência” os poderes presidenciais constitucionalmente previstos, “e não mais do que esses”, para criar as condições de um “Portugal moderno”.
Definiu esse Portugal como um país que “funciona no presente e prepara o futuro”, assegurando coesão social e territorial e enfrentando problemas adiados na saúde, educação, habitação, justiça, segurança, economia e segurança social.
O candidato apresentou ainda três eixos centrais do seu mandato, que designou como os “três C”: cultura, conhecimento e crescimento, defendendo que “conhecimento não é um luxo, é o combustível da liberdade”.
Afirmou ainda que sem crescimento econômico “não há liberdade duradoura”, porque é o crescimento que permite oferecer mais oportunidades, repensar o mérito e pagar melhores salários.
Comprometeu-se também a reforçar o prestígio das nossas instituições democráticas e a conferir a máxima dignidade às funções de Comandante Supremo das Forças Armadas, bem como a promover o diálogo, a transparência e a ética em todas as relações políticas.
As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026.
Esta é a 12.ª vez (incluindo as duas voltas das eleições de 1986) que os portugueses são chamados, desde 1976, a escolher o Presidente da República em democracia.
Além de João Cotrim Figueiredo (apoiado pela Iniciativa Liberal), anunciaram as suas candidaturas António Filipe (com o apoio do PCP), António José Seguro (apoiado pelo PS), André Ventura (apoiado pelo Chega), Catarina Martins (apoiada pelo BE), Henrique Gouveia e Melo, e Jorge Pinto (apoiado pelo Livre), Luís Marques Mendes (apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP), entre outros.



