
Em entrevista, Altamiro Costa Pereira, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), expressou sua consternação sobre a controvérsia envolvendo 30 candidatos ao Concurso Especial para o Mestrado em Medicina na U.Porto, afirmando que tentará integrar os candidatos que assim desejarem.
“Embora os candidatos estejam agora em tribunal, independentemente da decisão judicial, vamos tentar que esses estudantes possam ingressar, pelo menos aqueles que quiserem”, declarou Altamiro Costa Pereira, durante a reunião do Conselho Científico na FMUP realizada hoje.
A maioria dos 30 candidatos envolvidos na disputa do concurso especial para o Mestrado Integrado em Medicina na U.Porto apresentou uma ação judicial em 15 de outubro.
O diretor da FMUP destacou que os candidatos possuem “excelentes” currículos.
“Contrariando o que foi dito, todos têm currículos excelentes. Alguns têm uma média de 19, então não faz sentido dizer que estes estudantes não tinham condições ou que suas médias eram abaixo de 14. Eles obtiveram menos de 14 em um exame extremamente difícil”.
O exame, que gerou a polêmica envolvendo a Faculdade de Medicina e a Universidade do Porto, refere-se à prova de conhecimentos estabelecida no Despacho publicado no Diário da República em 2019, exigindo que os candidatos obtenham pelo menos 14 valores para não serem excluídos.
Trinta candidatos foram excluídos do último Concurso Especial para Acesso ao Ciclo de Estudos Integrado do Mestrado em Medicina na U.Porto por não alcançarem a nota mínima de 14 valores.
Os candidatos ao concurso expressaram à Lusa, em 5 de setembro, que se sentiram prejudicados pela U.Porto, revelando mudanças de cidade, abandono de empregos de longa data, investimentos em imóveis e desistência de outros mestrados.
“Tomamos decisões de boa-fé baseadas na confiança no processo: mudamos de cidade, deixamos empregos de anos, desistimos de mestrados, investimos em imóveis e reorganizamos nossas vidas pessoais, acreditando nas vagas designadas para nós”, conforme comunicado dos candidatos enviado à Lusa.
Hoje, no Conselho Científico da FMUP, foi proposta a eliminação dessa prova de conhecimentos no regulamento.
“Foi muito desagradável o ocorrido, e não havia necessidade de acontecer, mas cada um é responsável pelo que faz. A controvérsia girou em torno dos estudantes obterem menos de 14 no exame, que não reflete a qualidade dos licenciados que nos procuram, mas estava no regulamento”, disse o diretor.
Para Altamiro Costa Pereira, a “essência do espírito da letra da lei [de 2007]” é mais importante.
“Não fez muito sentido o que ocorreu, mas serviu para identificar questões que agora serão resolvidas, fruto do regulamento anterior [de 2019], feito para fins bem diferentes”, observou.
Altamiro acredita que no próximo ano ainda haverá “37 vagas” para o concurso especial, representando 15% do número do regime geral para Medicina. No entanto, uma proposta do ministro [da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre] está em avaliação para reduzir a porcentagem obrigatória de 15% para 5%.
“Não sei o que ocorrerá com esses estudantes [30 candidatos que não foram aceitos] e gostaria que se fizesse justiça”, concluiu.
Em 18 de setembro, a Procuradoria-Geral da República confirmou a existência de um inquérito no Ministério Público relacionado ao caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina na U.Porto.



