“Portugal vive hoje um momento histórico. Após 12 anos sem uma greve geral nacional, o país enfrenta agora um protesto massivo, que contesta a reforma laboral que o Governo de Luís Montenegro quer levar a cabo”. É assim que começa o texto do jornal espanhol El Periodico sobre a greve geral desta quinta-feira, 11 de dezembro, que intitula: “Montenegro provoca um terramoto laboral em Portugal”.
Como realça a publicação, as relações entre o Executivo da Aliança Democrática (AD) e os trabalhadores estão “tensas” devido à proposta de alteração da lei labora, que “visa modificar aspetos fundamentais do mercado de trabalho português, com o objetivo de flexibilizar alguns contratos e adaptá-los às exigências económicas do país”.
A estratégia da AD, lê-se, “tem suscitado descontentamento entre os sindicatos e os trabalhadores, que temem a perda de direitos e da segurança no emprego”.
Nota o El Periodico que esta é “uma batalha histórica”. “A convocação de uma greve geral não é um ato aleatório. É um símbolo de profundo descontentamento e um apelo à reflexão sobre o futuro do mercado de trabalho em Portugal”, ainda mais porque acontece mais de uma década depois da última.
E não é só o país vizinho que dá destaque à greve geral de hoje. O protesto é notícia um pouco por toda a Europa e até nos Estados Unidos da América (EUA).
A RTS – Rádio e Televisão Suíça diz que “Portugal está hoje mergulhado numa greve geral, que fechou transportes, escolas e hospitais” e destaca que “este importante momento social opõe-se à reforma laboral proposta pelo Governo de Direita”.
Já a BBC dá destaque ao facto desta greve ocorrer 12 anos após a última, que ocorreu precisamente também durante a legislatura de um Governo de Direita, em 2013, quando “troika” exigiu cortes nos salários e pensões como parte do resgate de Portugal.
Também no Reino Unido, o Independent abordou a greve na sua edição de hoje, realçando que este é o maior protesto “da última década” em Portugal e que deverá parar os serviços públicos e não só.
Por sua vez, a ABC, a partir dos EUA, fala, principalmente, das consequências da greve convocada pelas “duas principais confederações sindicais de Portugal”: CGTP e UGT.
Tal como realça esta publicação, o protesto está a parar aviões, comboios e restantes transportes, a fechar escolas e hospitais e a atingir diversos serviços públicos e não só. “Empresas privadas também foram afetadas, com relatos de paralisações em empresas dos setores da indústria e distribuição”.
Quem também já escreveu sobre o assunto foi a Reuters. Através do seu jornalista Sérgio Gonçalves, a agência internacional de notícias faz um relato que se está a passar em Portugal.
“Os serviços ferroviários estão parados. Centenas de voos foram cancelados e as escolas fecharam, enquanto os sindicatos iniciavam a primeira greve geral em mais de uma década, em protesto contra as propostas de reforma laboral”, descreve o jornalista.
“O Governo minoritário de centro-direita afirma que as mudanças propostas – que alteram mais de 100 artigos do código de trabalho – visam impulsionar a produtividade e estimular o crescimento económico. No entanto, os sindicatos acusam-no de concentrar o poder nos empregadores em detrimento dos direitos dos trabalhadores, apesar da economia forte e do baixo desemprego”, realça o mesmo, lembrando também que este é “o primeiro grande golpe desde a era do resgate financeiro da Troika.




