
“É uma decisão tardia, não só tardia, como vem condicionada. Esperemos que, tendo em conta os condicionalismos que tem, não seja uma decisão de adiamento”, disse em declarações aos jornalistas à margem de uma sessão pública da CDU realizada no Seixal, no distrito de Setúbal e que contou com vários autarcas do partido.
Paulo Raimundo defende que o Estado português há muito devia ter feito este reconhecimento e sem condicionalismos para a Palestina.
“As condições deviam-se pôr a Israel, aos Estados Unidos e à União Europeia, para de uma vez por todas se avançar com o cessar-fogo e acabar com o genocídio que está em curso. As condicionantes todas deveriam ser para Israel e não para a Palestina”, disse.
O secretário-geral do PCP advoga ainda que Portugal devia ter chegado às Assembleia das Nações Unidas com esta decisão tomada, e por essa via, também forçar outros nesse sentido.
“Isto não vai lá com paninhos quentes, vai lá com atitudes claras, de condenação clara e de voz grossa, não vai lá com paninhos quentes”, disse.
Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram no domingo formalmente o Estado da Palestina, num contexto de crescente pressão diplomática para avançar com uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, marcado por décadas de impasse nas negociações de paz.
O reconhecimento aconteceu na véspera da Conferência para a Solução de Dois Estados (Israel e Palestina), marcada para hoje na sede da ONU, em Nova Iorque, na qual vários países vão igualmente oficializar o reconhecimento do Estado palestiniano.
No domingo, Israel rejeitou o reconhecimento e argumentou que é uma “enorme recompensa ao terrorismo”. Em palavras dirigidas aos líderes ocidentais, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou que não haverá um Estado palestiniano.
Já o movimento islamita Hamas afirmou que o reconhecimento representa “uma vitória” para os direitos dos palestinianos.