
“T todos ouvimos o presidente da República de Angola dizer que os portugueses escravizaram os angolanos durante 500 anos, dizer que a responsabilidade pelo atraso de Angola e de África é dos portugueses, ouvimos isto de viva voz na presença do presidente da República de Portugal. Isto é inaceitável”, afirmou.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura disse que o Marcelo Rebelo de Sousa esteve “aos abraços com o presidente de Angola, desvalorizou aquilo que disse o presidente de Angola e disse que foi um grande marco na colaboração entre os dois países”.
“Não, não foi um grande marco, foi uma vergonha e uma humilhação para Portugal aquilo que aconteceu ontem por parte do presidente angolano, e um presidente português digno ter-se-ia levantado e virado as costas e teria tido a capacidade de transmitir ao presidente de Angola que nós não aceitamos ser humilhados, que nós não aceitamos ser vexados e que nós não aceitamos que nenhum povo, e muito menos os corruptos do MPLA, possam dizer-nos como governar ou o que é que nós fizemos certo ou errado na nossa história”, defendeu.
O presidente do Chega referia-se ao discurso de João Lourenço, nas cerimónias do 50.º aniversário da independência de Angola, em Luanda, que contaram com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Mal tínhamos acabado de vencer o colonialismo português, que nos oprimiu e escravizou durante séculos, tivemos de imediato de enfrentar o regime retrógrado do ‘apartheid’, que representava uma ameaça permanente aos povos da África Austral e de Angola em particular, por nos ter agredido, invadido e estar assente na ideia da superioridade de uma raça sobre outra e no segregacionismo como modelo de sociedade”, salientou o chefe de Estado angolano.
O líder do Chega, que é também candidato a presidente da República nas eleições de janeiro, deixou a sua “condenação veemente àquilo que foi dito pelo presidente de Angola” e também à reação de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Que foi ficar calado e ir aos abraços, vexando-se, mas sobretudo vexando-nos a nós todos, humilhando o país”, acusou.
Ventura disse que deu “indicações à liderança da bancada parlamentar para avançar rapidamente com um voto de condenação, não só às palavras do presidente da República de Angola, como ao ato objetivo de humilhação, de complacência e de cumplicidade que o presidente português assumiu com as forças de Angola”.
Dirigindo-se “à elite que governa em Angola”, o líder do Chega considerou que a “causa do atraso não é o colonialismo português, nem foi a história de Portugal”, mas sim “a corrupção de 50 anos, em que enriqueceram as elites para empobrecer os povos, e é por isso que eles continuam a vir para a Europa”.
André Ventura defendeu ainda que Portugal não pode continuar a pedir desculpa pelo seu passado, considerando que constitui uma “traição ao povo português”, e deve “orgulhar-se da sua História”.
Ventura falava aos jornalistas no parlamento, antes de um almoço com o presidente do The Heritage Foundation, um ‘think tank’ conversador norte-americano.
Também em declarações aos jornalistas, Kevin Roberts considerou que Portugal tem um “futuro promissor, em larga medida pelo trabalho heroico que Ventura está a fazer”.
Na ocasião, o líder do Chega foi questionado também sobre saúde, tendo considerado que é preciso “uma reforma profunda” nesta área e lamentado que os seus adversários na corrida da Belém não tenham aceitado o desafio de um debate sobre este tema.
Ventura considerou que é preciso fixar os profissionais no SNS e defendeu “que quem faz as horas que fazem os profissionais de saúde tenham uma isenção no trabalho extraordinário em sede de IRS”.



