
“Não vos prometemos milagres, prometemos trabalho. Não vos prometemos atalhos, prometemos caminhos certos”, afirmou o autarca na cerimônia de posse realizada hoje no Teatro das Figuras, onde também foi instalada a nova Assembleia Municipal sob a presidência de Macário Correia (PSD).
Durante sua intervenção diante de centenas de pessoas, António Miguel Pina destacou que Faro necessita de “coisas concretas”, reconhecendo o desafio estrutural que a cidade enfrenta. Ele enfatizou governar com humildade, pois, segundo ele, “ninguém é, nem nunca será, maior” do que a capital.
“Promessas vazias não encontram morada, não enchem casas, não recuperam orgulho, nem devolvem o sentido de pertença às comunidades. As linhas de ação que assumimos até aqui são práticas, mensuráveis e com calendário”, garantiu Pina, que reconquistou a autarquia para o PS após 16 anos de maiorias PSD.
Durante seu discurso de posse, o socialista apontou algumas das prioridades do executivo para o início do mandato, incluindo a criação de habitação, intervenções no espaço público, e a melhoria no acesso à saúde.
Pina, que deixou a Câmara de Olhão após concluir seu terceiro mandato, reuniu 39,48% dos votos, obtendo quatro mandatos e derrotando Cristóvão Norte, que liderava a coligação PSD/IL/CDS/PAN/MPT.
Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, a coligação “Faro Capital de Confiança” obteve 31,64% dos votos, garantindo três mandatos, enquanto o Chega ficou em terceiro lugar com 17,26% dos votos e dois mandatos.
Embora não tenha conquistado a Câmara, a coligação obteve a maioria dos votos para a Assembleia Municipal de Faro (34,65%), vencendo por uma estreita margem sobre o PS. A liderança foi confirmada com a eleição de Macário Correia para a presidência do órgão.
Durante sua intervenção, Macário Correia, que presidiu à Câmara de Faro entre 2009 e 2012, argumentou que a legislação autárquica está “obsoleta”, criticando o modelo de funcionamento das autarquias delineado há 50 anos.
“A democracia estabeleceu que todos os partidos iam para o executivo, então fez dois parlamentos. Um parlamento no executivo e outro parlamento na Assembleia Municipal, com poderes repartidos. Isso tem que ser revisto, claramente. Hoje o poder local e uma Câmara Municipal é uma ‘holding’ empresarial”, afirmou.
Segundo Correia, a gestão da câmara municipal não se alinha com o modelo anterior. “O país mudou, o poder local mudou. Não faz sentido que um presidente de Câmara não tenha condições para governar, mas temos que dar às Assembleias Municipais outros poderes que atualmente não têm”, frisou.
Correia defendeu uma estreita cooperação entre a câmara e a assembleia municipais, garantindo que o órgão que preside não será “um foco de confrontação ou de oposição” à Câmara.
“Estamos aqui para trabalhar juntos, em cooperação e dialogando. É isso que os cidadãos de Faro querem e disseram há 15 dias. É para isso que eu estou aqui”, concluiu.
Nas eleições de 2021, a coligação liderada pelo PSD havia vencido as autárquicas em Faro, elegendo seis dos nove mandatos em disputa, enquanto o PS ficou em segundo lugar com os três restantes.
Nesta eleição, o PS manteve a maioria das Câmaras do Algarve, vencendo em 11 das 16 autarquias, enquanto o PSD governará dois municípios, o Chega um, a CDU outro, e um município foi ganho por um movimento independente.



