
No dia em que termina a consulta pública da central solar fotovoltaica Sophia, a Zero alertou, em comunicado enviado à agência Lusa, para “a enorme contestação que se está a gerar à volta deste megaprojeto poder criar um ambiente social desfavorável à aceitação das energias renováveis em Portugal”.
“A insistência no desenvolvimento de projetos caso a caso, que são a antítese do ordenamento do território, a ausência de envolvimento da população nas fases iniciais, a inexistência de partilha de benefícios com as populações locais e a desvalorização dos efeitos socioeconómicos e paisagísticos pode minar seriamente os objetivos de neutralidade climática estabelecidos para as próximas décadas”, vincou.
A central solar fotovoltaica Sophia abrange os municípios do Fundão, Idanha-a-Nova e Penamacor, no distrito de Castelo Branco, e representa um investimento ronda os 590 milhões de euros, para uma capacidade instalada de 867 MWp (Megawatt pico).
Trata-se de um projeto com 390 hectares de área ocupada por módulos fotovoltaicos, 435 hectares considerando todas as infraestruturas e um total de 1.734 hectares de área vedada.
A associação alertou que a enorme contestação gerada por este megaprojeto “pode ser apenas o início de uma bola de neve de contestação social e de litigância judicial contra os necessários investimentos em energias renováveis”.
“A Zero decidiu emitir um parecer desfavorável ao projeto Sophia devido aos impactes locais significativos, a nível socioeconómico e ambiental, subvalorizados por um EIA que contém deficiências e omissões graves e conclusões enviesadas”.
A associação sublinhou ainda que, desde 2020, tem chamado a atenção para a necessidade de ordenar as atividades de produção de energia renovável e identificar áreas que evitem impactes significativos na paisagem, nos valores naturais e que beneficiem de aceitação social e de partilha de benefícios.
Os ambientalistas sustentam que a central Sophia representa o sintoma de uma estratégia de descarbonização desequilibrada.
“Portugal precisa de eliminar o consumo de combustíveis fósseis, mas o foco em mega-centrais pode estar a desvirtuar outras frentes necessárias da transição energética: aposta na eficiência energética, nas comunidades de energia e mobilidade”.
Para a Zero, sem um reequilíbrio estratégico, “a bola de neve da contestação social poderá crescer e vir a comprometer toda a transição energética que é absolutamente crucial”.



